quarta-feira, 27 de julho de 2011

Emma (Minissérie da BBC – 2009)


Direção: Jim O’Hanlon

Roteiro: Sandy Welch, baseado no livro de Jane Austen

A BBC sempre realiza ótimas séries e minisséries, e não foi diferente com Emma, do ano de 2009. É uma adaptação da obra literária de uma de minhas escritoras favoritas, Jane Austen. Seu livro Orgulho e Preconceito é um dos que mais gosto, e Razão e Sensibilidade é excelente. Nunca li Emma, mas já havia visto um filme de 1996 estrelado por Gwyneth Paltrow e tinha gostado bastante, apresar de perceber que o tom desse é bem diferente de Orgulho e Preconceito e Razão e Sensibilidade, tendendo mais para a comédia.

Emma (Romola Garai) era uma menina rica, jovem, bonita e mimada pelo pai viúvo e que nunca passou por nenhuma adversidade na vida. Ela vive na Inglaterra Vitoriana. Sua única preocupação é se emprenhar em arranjar casamentos entre os seus conhecidos, e manipular os sentimentos dos outros para formar os pares que deseja. O que ela não sabe é que seus planos podem não sair como espera, e seu julgamento a respeito dos sentimentos e interesses dos outros pode não estar sempre certo. E pior ainda: ela acaba descobrindo que não conhece nem os seus próprios sentimentos tão bem como pensava.

A minissérie não tem a qualidade da narrativa de Orgulho e Preconceito, também da BBC, mas acerta em muitos pontos. O roteiro é sólido, apresar de se perder em alguns momentos e fazer com que o espectador sinta dificuldade de acompanhar todos aqueles encontros e desencontros dos personagens. E história flui com naturalidade e conseguimos gostar e torcer pelos personagens que merecem. E quando um personagem tem que ser ambíguo e difícil de ser decifrado, o roteiro e a direção conseguem isso, o que é um bom feito.

Li sobre o desempenho de Garai como Emma, e diziam que ela estava caricata e exagerada. A sua performance com certeza não caberia bem como as heroínas de Orgulho e Preconceito ou Razão e Sensibilidade, mas para Emma, cujo tom predominante é a comédia, eu acho que ela serviu perfeitamente. Emma era um moça vivaz, passional e radiante. Não contida e racional.

O elenco no geral se sai muito bem. E destaco a qualidade da produção, no que diz respeito à direção de arte, reconstrução de época e figurinos impecáveis. A trilha sonora é expressiva e bela. Traz com eficiência o clima da época; mas fiquei com o sentimento de que os temas poderiam ser mais bem desenvolvidos e trilha um pouco mais presente na história. Mas da foram que está, cumpre bem seu papel.

Recomendo Emma para aqueles que gostam de Jane Austen e de produções de época. Com certeza é acima da média.

Nota: 8

Meia noite em Paris (Midnight in Paris)

Meia noite em Paris (Midnight in Paris) – EUA/Espanha – 2011

Direção: Woody Allen

Roteiro: Woody Allen

Que Woody Allen é um ótimo roteirista e diretor, todos já sabem. Mesmo que seu trabalho não agrade a todos, não tem com não reconhecer a originalidade e genialidade de tantos títulos em sua longa carreira ou sua linguagem tão específica na forma de mostrar em seus filmes a sua visão pessimista da vida e os seres humanos. Mas, há pouco tempo estava começando a achar que estava chegando a sua hora de se aposentar, visto os últimos longas que lançou (Tudo pode dar certo e Você vai conhecer o homem de seus sonhos), que mesmo sendo interessantes, nem de longe relembravam a genialidade mostrada em Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, A rosa púrpura do Cairo, Desconstruindo Harry, Match Point, só pra citar alguns. Depois de assistir ao seu novo longa Meia noite em Paris concluí que Allen ainda tem muito a contribuir com seu trabalho. O filme tem um elenco afiado, roteiro sólido e original e muito humor irônico, característicos do diretor.

O filme conta a história de Gil Pender (Owen Wilson), que está a passeio em Paris com sua noiva Inez (Rachel McAdams) e seus sogros. Lá ele procura inspiração para escrever seu primeiro livro, visto que ele sempre trabalhou em Hollywood escrevendo roteiros, porém essa atividade não o satisfaz mais profissionalmente. Ele tem uma fascinação pela década de vinte em Paris, imaginando que aquela seria a melhor época para se viver. Imagina ainda a cidade nesse período sob a chuva. Saindo à noite à procura de inspiração para seu livro, ele acaba embarcando em um carro à meia noite que o leva para a Paris da década de vinte. Lá ele conhece seus artistas preferidos e passa a conviver com eles: Cole Porter, Zelda e F. Scott Fitzgerald, Pablo Picasso, Salvador Dalí, T. S. Eliot, e uma bela francesa chamada Adriana (Marion Cotillard) entre outros. Lá, esses artistas começam a influenciar sua escrita e ele acaba por se apaixonar por Adriana.

Allen brinca com a fantasia, com fez em A rosa púrpura do Cairo, quando, de um filme dentro de seu filme, extraiu um personagem por quem a protagonista era apaixonada. Nesse, Allen usa a viagem no tempo através de um carro que passa em certa rua de Paris à meia noite. Ele não faz questão nenhum de dar uma explicação para esse fato, e ela nem é necessária. Ela existe para poder dar suporte à história que Allen quer contar, defender a idéia que ele quer e ponto final.

Encarnando o personagem com muito talento e, acho que pela primeira vez sem os maneirismos usuais, Owen Wilson se mostra o perfeito protagonista de filmes de Allen, e encarna, de certa forma e não totalmente, a persona cinematográfica do diretor. Chega, em alguns momentos, até a gaguejar como Allen e exibir um pouco de seu gestual, além é claro, de ser o sujeito eternamente insatisfeito com sua vida e seus relacionamentos, que Allen tanto retrata em seus filmes. Quando não é o próprio diretor quem protagoniza, outro ator o faz como ele.

O elenco está ótimo, afinal, Allen dirige muito bem atores. Marion Cotillard está adorável, sensual e apaixonante como Adriana. Rachel McAdams exibe o carisma de sempre. Michael Sheen está impagável na pele do metido à intelectual e irritante Paul. Kathy Bates manda muito bem, como de costume, dando vida a Gertrude Stein. E, um dos melhores na minha opinião, é o desconhecido (pra mim) Corey Stoll, que oferece um ótima performance como o escritor Hernest Hemingway. Senti extrema vontade de conhecer melhor aquele personagem e conviver com ele. Acho que esse é o testamento do bom trabalho de um ator e do diretor/roteirista.

Partindo para o campo das idéias, demorou um pouco de tempo pra eu perceber que esse filme não fugia muito dos idealismos de Allen, que são como já disse anteriormente, a eterna insatisfação do ser humano com a vida. E é aí que ele faz um profundo estudo sobre a arte e as pessoas, apresentando vários artistas consagrados do passado em seu cotidiano na Paris da década de vinte. Ele desmistifica a aura de endeusamento que eles e as suas obras possuem, sem tirar deles a genialidade artística. Isso foi uma sacada de mestre. Assim, Gil foi entendendo o porquê da arte deles ser tão importante. Era porque eles viviam suas emoções intensamente e transmitiam isso em suas obras. E Gil através de sua paixão crescente por Adriana e também os direcionamentos de Gertrude conseguiu dar alguma importância artística para seu livro. Eu senti extrema vontade de ler o livro que ele estava escrevendo, o que mais uma vez serve como testamento de uma obra de ate eficiente.

A forma como Allen explora a nostalgia que muitos sentem é brilhante. Quando vejo seus filmes, fico pensando: “como ninguém nunca pensou em fazer um filme sobre isso?”. A nostalgia, o sentimento de achar que outra época passada era melhor do que a atual, é sempre traiçoeira e ilusória. A melhor época para se viver é agora, com todas as suas qualidades e mazelas. É o tempo que nos foi dado, e temos a obrigação de vivê-lo da melhor forma possível. E o amor, arte, amizade e diversão estão no agora, não no passado.

A parte técnica do filme excelente. Prova disso é a imediata constatação de mudança de tempo que temos quando Gil sai do bar em que se encontrava na década de vinte e anda alguns passos na rua. Lembra-se de algo que precisava falar com Hemingway e volta. No mesmo momento observamos que a década de vinte não está mais “presente” lá, e sim os dias atuais. Isso prova a eficiência da direção de arte e da fotografia.

Meia noite em Paris é o retorno de Woody Allen à boa forma. O diretor mostrou que ainda tem muito a dar para o mundo das artes, mesmo diante do fato de que ele próprio não se considera um artista.

Nota: 9,5

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Quarto do Pânico (Panic Room)

Quarto do Pânico (Panic Room) – EUA – 2002

Direção: David Fincher

Roteiro: David Koepp

Já nos momentos iniciais de Quarto do Pânico, somos apresentados à Meg Altamn (Jodie Foster) e sua filha visitando uma casa com um corretor de imóveis. Falando das características da casa e principalmente de um muito incomum quarto do pânico que esta possui, somos apresentados à dupla mãe e filha, conhecemos bastante da dinâmica entre as duas e o porque de estarem procurando uma nova casa: o divórcio recente. Já nesses breves momentos, David Fincher já estabelece a lógica da narrativa com muito talento, apresentando os personagens e criando uma aura de tensão que dura durante todo o longa. Exemplo disso é a tensão que Meg sente quando o corretor tranca a porta do quarto do pânico.

Logo no sua primeira noite na nova residência juntas, a casa é invadida por três assaltantes que planejam roubar os três milhões de dólares que estão no cofre. O que eles não sabem é que a casa agora é habitada (por um cálculo de dias mal feito pelo estúpido Junior) e que eles têm que lidar com a presença da mãe e da filha, que se trancaram no quarto que oferece toda a segurança exatamente para a situação em que elas se encontram. O problema é que eles não podem ir embora porque já foram gravados pelas câmeras de segurança e nem podem roubar o que há no cofre.

Com essa situação caótica, Fincher cria um verdadeiro suspense Hitchcockiano, com uma tensão que paira no ar o tempo todo e chega a ser quase insuportável ao longo do filme. E isso graças ao roteiro eficiente de Koepp, às ótimas atuações de Foster e Forrest Whitaker, à trilha sonora precisa de Howard Shore e, principalmente, à direção brilhante de Fincher.

Ele tem um extremo cuidado com o visual de seu filme, fazendo com que qualquer expectador perceba que cada sequência foi detalhadamente pensada em cada frame. Ele usa ângulos e movimentos de câmera sempre impressionantes, mas que nunca deixam de exercer uma função na narrativa, que no caso é criar tensão. Não me esqueço do genial plano sequência que mostra o quarto de Meg no terceiro andar enquanto essa dorme. A câmera sai do quarto, desce em meio às escadas, passa pelos cômodos do pavimento térreo da casa (inclusive dentro da alça de uma caneca na cozinha!) e mostra os assaltantes do lado de fora da casa tentando entrar. É claro que a sequencia é realizada com a ajuda de efeitos visuais, mas esses não tiram o brilhantismo da ideia. Existe outro plano sequência também incrível que acompanha o gás passando dentro de uma mangueira até chegar dentro do quarto do pânico. E também mais um que mostra mãe e filha dentro do quarto gritando através de um buraco no chão para tentarem se fazer ouvidas pelo vizinho. A câmera vai se afastando do buraco em direção à casa vizinha enquanto ouvimos o som da tempestade abafar os gritos. Lembrou-me um pouco um plano sequência parecido que Hitchcock criou em Frenesi, para mostrar um assassinato sendo cometido em um apartamento, ao mesmo tempo em que do lado de fora, pessoas vivem suas vidas numa rua movimentada sem ter a menor consciência do que acontecia.

Outro recurso usado com perfeição é a câmera lenta. Enquanto uns usam a cada minuto para mostrar detalhes às vezes desnecessários e para simplesmente mostrar “estilo” como Zack Snyder (não que eu não goste do diretor), Fincher usa em um único momento para criar uma tensão enorme. Meg sai do quarto para pegar o seu celular enquanto os ladrões estão no andar de baixo e podem vir a qualquer momento. A quase ausência de qualquer som e a câmera lenta são a soma perfeita para fazer o expectador literalmente segurar seu fôlego até o fim da cena.

Quem conhece a filmografia de Fincher sabe que ele não usa esse tipo de recurso gratuitamente em seus filmes, como muitos diretores fazem. Sempre há um propósito na narrativa, seja para ajudar a contar a sua história com o seu estilo, criar tensão, como nesse caso, desenvolver um personagem, etc. E é claro que a direção de Fincer é ajudada pelo ótimo roteiro de Koepp. Com duas frases ele definiu as motivações de dois ladrões. Um queria o dinheiro. O outro precisava do dinheiro. Pelas atuações, o expectador já imagina perfeitamente o porquê dos dois estrem ali.

Jodie Foster, como sempre, oferece uma performance intensa e emocional. Destaque também para Whitaker, que consegue criar um Burnham, que mesmo sendo ladrão e cometendo atos odiosos, não deixa de ser humano e digno de simpatia e pena. Infelizmente ele fez escolhas erradas que o levaram àquela situação.

O filme tem um desfecho lógico para cada personagem. E é ótimo ver, em apenas uma cena Fincher consegue fazer isso (spoiler), que mãe e filha se aproximaram depois de todo o ocorrido.

Quarto do Pânico é um suspense muito acima da média, que não pode faltar no repertório de conversas dos fãs do gênero.

Nota: 10

Frases famosas do Cinema (2)

Comecei essa sessão há bastante tempo, e nunca fiz a seqüência. Bem, aí está ela. A parimeira parte pode ser lida aqui.

Você não entende! Eu poderia ter classe! Eu poderia ser um lutador. Eu poderia ter sido alguém, ao invés de um vagabundo, que é o que eu sou. (Sindicato de Ladrões)
Ele está olhando por você, garota. (Casablanca)
OK, Sr. DeMille, eu estou pronta para o meu close up. (Crepúsculo dos Deuses)
Apertem os cintos. Vai ser uma noite trepidante. (A Malvada)
Eu amo o cheiro de napalm pela manhã. (Apocalipse Now)
Um pesquisador de censo tentou uma vez me testar. Eu comi o fígado dele com feijão preto e um bom chianti. (O Silêncio dos Inocentes)
Eu sou grande! Os filmes que ficaram pequenos! (Crepúsculo dos Deuses)
Me mostra a grana! (Jerry Maguire)
Eu sinto a necessidade... Necessidade da velocidade. (Top Gun - Ases Indomáveis)
Você me ganhou em "oi". (Jerry Maguire)
Mamãe sempre disse que a vida é como uma caixa de chocolates. Você nunca sabe o que vai pegar. (Forest Gump).

Se vocês se lembrarem de mais alguma fala memorável, por favor deixem um coment.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Top 5 de Comédias Românticas

Tem bastante tempo que fiz a minha lista de Top 5 da Sessão da Tarde. Hoje estou postando o Top 5 de Comédias Românticas. Mesmo que esse gênero muito querido do grande público já se mostre bastante desgastado e caia freqüentemente no clichê, não tem como negar que já rendeu títulos memoráveis e continua rendendo. Gosto muito de ver uma comédia romântica que seja original e acima da média. Aqui vão as minhas cinco favoritas:

1. O Diário de Bridget Jones (Bridget Jones’s Diary – Inglaterra – 2001)
Direção: Sharon Maguire
O filme que está no todo da minha lista de comédias românticas conta a história da atrapalhada Bridget, que como qualquer mulher na faixa dos trinta anos, está à procura da felicidade: realização no trabalho e encontrar o homem ideal. O filme apresentou a carismática Reneé Zellweger ao mundo, encantou, fez rir e emocionou a todos. Imperdível.

2. Quatro casamentos e um funeral (Four weddings and a funeral – Inglaterra – 1994)
Direção: Mike Newell
Charles (Hugh Grant) conhece uma jovem por quem se apaixona no casamento de um amigo. Ele tinha muita dificuldade de entrar em relacionamentos. O filme mostra a busca de Charles e seus amigos por amor verdadeiro e um casamento feliz. É uma profunda reflexão dos relacionamentos humanos, felicidade e amor. Além de muito divertido.

3. Quanto mais quente, melhor (Some like it hot – EUA – 1959)
Direção: Billy Wilder
Dois músicos atrapalhados testemunham um massacre executados por gângsteres. Para escapar, resolvem se disfarçar de mulher e entrar numa banda só para moças. Lá eles conhecem Sugar (Marilyn Monroe) e se aventuram em uma turnê com a banda. Um deles se apaixona por Sugar e o outro, faz um ricaço se apaixonar por ele. No meio de tiroteios e números musicais, o filme é inesquecível por trazer a direção genial de Wilder, a sempre sensual e divertida Monroe e a dupla impagável Tony Curtis e Jack Lemmon como as travestis.

4. Simplesmente amor (Love, actually – Inglaterra/EUA – 2003)
Direção: Richard Curtis
O longa segue a vida de várias pessoas, cujas histórias se entrelaçam em uma aeroporto. Com humor, romance, drama, personagens interessantes e revelações inesperadas, o filme se torna inesquecível para os que já viram. Roteiro, direção e elenco perfeitos.

5. Uma linda mulher (Pretty Woman – EUA – 1990)
Direção: Gary Marshall
O tom é de conto de fadas. Uma prostituta simpática, linda e cativante conhece um milionário nas ruas de Los Angeles. Ele a contrata para lhe fazer companhia enquanto fica na cidade. Eles se apaixonam e vivem um amor impossível para os dois. O que fazer diante de tal situação? O final Hollywodiano foge do realismo, mas quem se importa? O filme é lindo, divertido e encantador. Julia Roberts (até então desconhecida) se tornou estrela do dia pra noite.

Se vocês tiverem mais alguma em mente (com certeza têm!), deixem um comentário para relembrarmos. Mais listas como essa serão postadas no blog num futuro próximo.

O Hobbit – expectativa

Quem me conhece sabe o quanto eu gosto do Livro O Senhor dos Anéis de J. R. R. Tolkien e dos filmes de Peter Jackson. Então, foi com muita alegria que eu soube, ano passado, que o livro O Hobbit (também de Tolkien, que narra acontecimentos anteriores aos da saga do anel) iria ser filmado, sob a direção de Guilherme Del Toro e com roteiro assinado pelo trio que adaptou O Senhor dos Anéis: Peter Jackson, Philippa Boyens e Fran Walsh. Depois de muitas notícias e indefinições, Del Toro abandonou o projeto e Peter Jackson assumiu a direção, visto que era a escolha mais obvia e lógica. Fiquei mais feliz ainda com a notícia. Admiro muito o trabalho de Del Toro, mas mais ainda o de Jackson. Ontem vi um ótimo vídeo de bastidores postado por Jackson em sua página no facebook, que pode ser visto aqui. Minha expectativa no projeto é muito grande, mesmo sabendo que o tom do livro O Hobbit é bastante diferente de O Senhor dos Anéis. A trilogia do anel é mais séria, densa e dramática, enquanto a história de Bilbo e os anões é mais divertida e tem um apelo mais infantil, como o próprio Tolkien dizia. Agora é só esperar até o final de 2012 (nossa!) para conferir o longa. Acho que vou reler o livro (já li umas 3 vezes) antes da estréia. Isso vai depender se Daniele me devolver antes disso. Ela me prometeu ler antes da estréia (tem um ano e meio para fazer isso) e assistir ao filme comigo. Vamos ver.

Quem também está na espera, deixa um coment. :P

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Harry Potter e as relíquias da morte parte 2 (Harry Potter and the deathly hollows part 2)

Harry Potter e as relíquias da morte parte 2 (Harry Potter and the deathly hollows part 2) – Inglaterra/EUA – 2011

Direção: David Yates

Roteiro: Steve Kloves

Por incrível que pareça, esse é o meu primeiro texto aqui no blog sobre a série Harry Potter, que eu tanto gosto. Talvez seja porque mantenho o blog desde o início do ano passado, e de lá pra cá só estreou um título, além desse; ou por preguiça mesmo de começar a escrever sobre a saga desde o início. A questão é: Harry Potter se estabeleceu como um marco no Cinema por vários motivos. Os fãs apaixonados pelo livro se tornaram apaixonados pelos filmes e a aura de fantasia e inventividade do mundo de J. K. Rowling conquistou todas as idades. Não conheço uma franquia tão longa e tão bem sucedida, somando um total de 10 anos desde o primeiro, 8 filmes e muitos bilhões em bilheterias mundiais (Star Wars é um caso a parte). O trio de protagonistas foi alçado ao sucesso mundial da noite para o dia, e além deles, os filmes contam com um elenco de apoio com os melhores atores ingleses da atualidade. Só pra citar alguns: Gary Oldman, Maggie Smith, Kenneth Brannagh, Emma Thompson, Helena Bonhan Carter, Ralph Fiennes, Alan Rickman, Jim Broadbent, Michael Gambon, Timothy Spall, entre outros.

O filme parte do ponto onde a parte 1 parou. Harry precisa achar as horcrux que possuem parte da alma de Voldemort, e encontrar um jeito de destruí-las, tendo assim alguma chance de matá-lo definitivamente. Hogwarts agora é dirigida pelo cruel Prof. Snape. O terror se instalou em todo o mundo bruxo, e Harry só conta com o amor e a coragem de seus amigos.

O roteirista Kloves deixou praticamente toda a ação para esta segunda parte. O filme já começa com um tom de urgência e perigo de morte sempre iminente. Mas esse aspecto do roteiro também não impede que Yates crie momentos mais ternos e reflexivos, sem fazer com que a narrativa perca o ritmo. Exemplo disso são os dois momentos em que Harry encontra e conversa com personagens que já partiram. E sua amizade e confiança com Hermione e Rony se torna praticamente o fio condutor da narrativa, não deixa de ser desenvolvida. Afinal de contas, porque Harry iria querer lutar, se ele já perdeu toda a sua família? A resposta é simples: ele encontrou outra família. Hogwarts, o mundo bruxo, Gina, mas principalmente seus dois colegas de turma. A amizade dos três faz com que a luta presente no longa do bem contra o mal faça sentido para o espectador. Todos entendem perfeitamente qual é o bem pelo que eles estão lutando e qual é o mal com o qual eles estão lutando.
Pelo fato de já conhecermos muito bem todos os personagens e o mundo bruxo em si, afinal já se passaram sete filmes, Yates se concentra mais em concluir a história desenvolvida ao longo dos filmes anteriores. Ele traz um tom épico nunca presente antes em nenhum dos outros. As cenas da invasão de Hogwarts pelos Comensais da Morte é de uma grandiosidade que lembra um pouco a trilogia O Senhor dos Anéis. E a fuga do trio em um dragão é de tirar o fôlego. Assim como outras inúmeras seqüência memoráveis.

É nesse ponto que entram em ação os efeitos visuais e sonoros espetaculares. Yates provou que sabe dirigir um filme e se mostrou a escolha acertada para concluir a série. A evolução é clara: Chris Columbus cumpriu bem o papel de dar início à saga, mas não acrescentou nada de novo ao material. Alfonso Cuarón dirigiu o terceiro, o melhor de todos pra mim, de forma inventiva e ousada. O quarto ficou a cargo de Mike Newell, que cai no mesmo caso de Columbus, um pouco mais bem sucedido. A partir do quinto, Yates assumiu a batuta e mostrou a que veio. Os filmes tomaram um tom mais sombrio (como nos livros) e a história ficou mais adulta (como os personagens).

Concluindo a série arrancando muitas lágrimas dos fãs e aqueles que nem são tão fãs assim, Harry Potter e as Relíquias da Morte parte 2 encerra um marco na história do Cinema, como eu disse, e deixa um gostinho ácido para aqueles que leram os livros como eu e cresceram junto com o Harry, acompanhando suas aventuras periódicas, seja esperando o livro novo ser publicado ou o filme novo ser lançado. Acabou, pessoal. Agora é aproveitar esse momento, depois comprar os DVDs/Blue Rays e reler os livros.

Nota: 10

Vai aqui minha lista dos longas em ordem de preferência. Não significa que eu não goste dos últimos. É só preferência mesmo.

1) O prisioneiro de Azkaban
2) As relíquias da morte parte 2
3) O enigma do príncipe
4) As relíquias da morte parte 1
5) A ordem da Fênix
6) O Cálice de Fogo
7) A Pedra filosofal
8) A Câmara Secreta

terça-feira, 12 de julho de 2011

Entre dois amores (Out of Africa)

Entre dois amores (Out of Africa) – EUA – 1985

Direção: Sydney Pollack

Roteiro: Kurt Luedtke, baseado no livro de autobiográfico de Karen Blixen

Mesmo tendo uma aura de épico e grandioso, Entre dois amores é antes de qualquer coisa, um filme intimista, que mantêm o foco no relacionamento de Karen (Meryl Streep) e Denys (Robert Redford), mas principalmente, na jornada emocional e de aprendizado de Karen na África, na qual ela acaba amadurecendo e se encontrando como ser humano.

O filme tem início na Dinamarca na década de 1910, terra natal de Karen. Com poucos minutos, Pollack já começa a estabelecer as características de seus personagens. Karen e o Barão Bror Blixen (Klaus Maria Brandauer) decidem se casar por um motivo fora do convencional. Karen era amante de seu irmão, mas agora sem este, vê no casamento com o barão a conclusão óbvia da história dos dois, já que eram amigos e precisavam se estabelecer diante da sociedade.

Os dois se casam e vão para África, para, com o dinheiro de Karen, iniciar uma fazendo de gado. Quando chega, Karen já percebe que seus planos foram mudados por seu marido sem seu consentimento, o que gera uma crise no casal. Ele decidiu cultivar café na fazenda, mesmo ninguém nunca tendo conseguido plantar café com a altitude que a fazenda possui.

Devido às constantes ausências do marido, Karen acaba por se envolver com o caçador Denys, começando um romance passional e ao mesmo tempo profundo com este, e se encantando pelo homem que é um tanto um tanto bruto, mas sensível a ponto de escutar Mozart e se emocionar ao ouvir e boas histórias.

Pollack conta a sua história sem pressa alguma, tomando todo o tempo necessário para criar e dar profundidade a seus personagens e desenvolver os relacionamentos entre eles e seus conflitos.

As atuações de Streep (como sempre) e Redford são encantadoras. Comedidas, sem exageros de expressões, mas extremamente profundas e emocionais. Há uma total entrega aos personagens. O público jamais perde a conexão emotiva com eles e jamais os julga. Mesmo Karen às vezes parecendo moralista, sempre se preocupando com a opinião da sociedade (como as suas conversas sobre casamento) e seu título, ou mesmo se mostrando egoísta, ela nunca deixa de ser apenas um ser humano, aos nossos olhos, com defeitos e qualidade. E não é difícil imaginar por que ela se apaixonou por Denys, que tem uma personalidade tão semelhando da sua, mas diferente em outros pontos, o que faz com que os conflitos e discussões dos dois sejam plausíveis, e aumentam ainda mais o interesse de um pelo outro.

Pollack tem um enorme cuidado com o visual do filme, abusando dos planos que mostram as lindas paisagens da fazenda na África, acompanhado pela maravilhosa trilha sonora de John Barry. O passeio de avião do casal no terceiro ato do longa é inesquecível. A recriação de época e os figurinos também são impecáveis.

Quando Karen chega à fazendo e encontra os nativos, ela os trata como animais. No fim de sua jornada na África, ela lutou pelos direitos deles às suas terras. Ela tinha aprendido com a convivência que eles eram seres humanos como qualquer um. Teve a oportunidade de ver a vida do ponto de vista deles e se compadecer de sua situação. Esse é o remédio para qualquer tipo de intolerância e preconceito.

Entre dois amores (não gosto muito do título em português) é um filme que tem a sua importância no fato de emocionar o espectador verdadeiramente, sem manipulação, e por ser um retrato de uma época e um tempo.


Nota: 9,5

terça-feira, 5 de julho de 2011

Transformers – o lado oculto da Lua (Transformers – dark of the Moon)

Transformers – o lado oculto da Lua (Transformers – dark of the Moon) – EUA – 2011

Direção: Michael Bay

Roteiro: Ehren Kruger

Transformers (2007) era medíocre, mas passava como diversão barata. Transformers – a vingança dos derrotados (2009) era insuportável, e como definiu minha irmã Natália muito bem: um estupro áudio-visual. Agora esse que encerra a trilogia (será que acaba mesmo?), Transformers – o lado oculto da Lua é menos pior que o segundo, mas ainda assim medíocre e desnecessário.

Considerando que os filmes são baseados em brinquedos de plástico, é difícil conseguir encontrar alguma relevância no projeto, além da vontade do estúdio de ganhar milhões com o grande público que não se importa em ver nada além de carros se transformando em robôs, muitas explosões e cenas de ação.

Se esse terceiro longa é um pouquinho melhor do que o segundo, é por um motivo, e somente: as cenas de ação são infinitamente melhores, bem filmadas, sem a câmera epilética e os cortes a cada fração de segundos. O expectador entende o que acontece, quem está lutando contra quem, quem está se dando bem, etc... Um ponto alto do filme, como é de se esperar, são os efeitos visuais e sonoros. Afinal, o orçamento multimilionário tinha que ser empregado em alguma coisa, não é? Os robôs são extremamente convincentes e as explosões e outros artefatos do arsenal de Bay são excelentes e impressionantes. O uso do 3D é bem razoável também. Bay utiliza bastante os planos com maior profundidade, enquadramentos e movimentos de câmera sempre elegantes (tenho que admitir), mas na maioria do tempo eles não têm muito propósito na narrativa (também tenho que admitir).

A história tem início na década de 60, quando os americanos foram à Lua pela primeira vez com a Apolo 11, e então descobrimos o verdadeiro objetivo da missão. O pouso da NASA é na verdade uma investigação para recuperar os restos de uma arca, lançada por Sentinel Prime, líder dos Autobots, contendo a tecnologia que poderia salvar a sua espécie. Atacados por Starscream, a arca então caiu na lua. Sam Witwicky (Shia LaBeouf) está agora tentando fazer com que seu relacionamento com Carly (Rosie Huntington-Whiteley) dê certo, mas se sente ameaçado pelo chefe bonitão e milionário da moça. Ao mesmo tempo tem que arranjar um novo emprego, lidar com seus pais em sua casa, e uma guerra iminente entre os Autobots e os Decepticons.

Shia LaBeouf exibe o carisma e talento habituais, mas seu personagem não é nada mais do que uma desculpa para a história existir. Huntington-Whiteley é o que tem que ser: a gostosa que substitui Megan Fox. O elenco ainda conta com nomes importantes como Frances McDormand e John Malkovich, que com certeza só aceitaram participar do projeto pelo dinheiro, ou talvez por ter o Steven Spielberg na produção. Os personagens são vazios, e não despertam nenhuma empatia nos expectadores. E quando um deles “morre” (entre aspas, por ser um robô), mesmo sendo de certa importância na história, não me emocionou nem um pouco. Aliás, o filme é nada mais do que um espetáculo de efeitos visuais e sonoros, visto que se passaram longas duas horas e meia, e o único sentimento despertado em mim foi à ansiedade que as seqüências de ação despertam em qualquer um. Emoção nenhuma foi evocada. Acho que se os Decepticons vencessem e os heróis fossem mortos, eu não ficaria nem um pouco triste. Acho que até um pouco aliviado.

Michael Bay também fez questão de mostrar o seu machismo logo nos momentos iniciais, mostrando primeira a bunda de Carly e depois seu rosto. O mesmo tratamento com as mulheres continua no resto do filme. Carly nada mais é do uma gostosa sem personalidade. Deve ser a idéia de Bay de mulher ideal.

Mesmo considerando Bay essencialmente medíocre e limitado, ainda tenho um pressentimento lá no fundo de que se ele filmar um roteiro muito bom ele consegue fazer um bom filme. Visto o ótimo A Rocha e os razoáveis Bad Boys, A ilha e Armagedon. O resto de sua filmografia pra mim é lixo.

A nota que dou para o longa é para a parte técnica, pura e simplesmente.

Nota: 3,5

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Na praia (On Chesil Beach)

Autor: Ian McEwan

Editora Companhia das letras, 2007, 128 páginas

Contando a história de um jovem casal, ambos virgens, em sua lua de mel em um hotel na praia, McEwan consegue captar o espírito social, político e comportamental de toda a geração de jovens da Europa no início da década de 60. Isso mostra sua competência enquanto autor, não só em contar uma boa e envolvente história sobre pessoas, mas em situar precisamente seus personagens no tempo e no espaço. E é o que toda boa ficção faz: é um retrato fiel de um período e uma época.

Edward é um jovem encantador e vivaz, recém formado em história e que mal pode esperar para começar sua vida conjugal com Florence, uma violinista sensível e bem nascida, por quem está apaixonado. O relacionamento dos dois é muito bem descrito e desenvolvido por McEwan. Mesmo com poucas páginas, ele consegue nos fazer sentir que conhecemos profundamente os dois e torcemos pela felicidade deles, tamanha é a empatia que criamos por eles e a qualidade que ele consegue na construção de seus personagens. O mesmo acontecia com Briony e também os outros personagens, com descrevi em meu texto sobre Reparação.

Os dois têm as mais altas expectativas sobre a noite de núpcias: Edward mal se contém para ter em seus braços a sua tão recatada noiva, por quem está muito apaixonado, mas que sempre reprimiu suas investidas em algo mais íntimo. Mas agora finalmente chegou o momento. Ele teme também se apressar demais em sua ânsia e acabar estragando tudo. Florence, com toda a sua inexperiência e seu medo do ato sexual, se sente pressionada por suas obrigações agora de esposa, não tem nenhuma experiência e nem deseja ter, mas ao mesmo tempo quer agradar seu noivo.

Com essa situação conflituosa, rica de facetas e muito interessante, McEwan faz o que ele sabe de melhor, que é descrever pensamentos e sentimentos dos seus personagens de forma profunda e com um estilo único, como um nunca vi nenhum autor fazer. E com isso, faz com que nos aproximemos tanto daquelas pessoas.

Através de “flashbacks”, que muitas vezes se passam na mente dos protagonistas ou mesmo contados pelo narrador, conhecemos um pouco do passado do relacionamento dos dois, de como se conheceram e toda a bagagem emocional que os dois carregam até culminar no ponto onde o livro de inicia, que é o casal já no hotel de sua lua de mel.

Usando o contraponto de seus personagens com personalidades bem diferentes, McEwan consegue situar a história, como já disse, com maestria. Ele usa o amor de Florence pela música erudita e o interesse de Edward em rock and roll para estabelecer o cenário artístico da época e a transição pela qual a sociedade passava, de algo mais clássico para o revolucionário; e como isso influenciava o comportamento das pessoas. Além do interesse musical de seus heróis, ele usa também a profissão de Edward (formado em história) para levantar discussões sobre o panorama político e social da época. Jogada de gênio. Além é claro dos conceitos, opiniões e sentimentos que passam pela mente dos dois, plausíveis para pessoas inseridas naquele contexto, mas que soariam pouco verdadeiras nos dias de hoje.

O final pode não agradar a muitos leitores, mas eu acho que é o desfecho perfeito diante de tudo que o autor vinha “defendendo” durante o livro. Outro desfecho mais fabulesco soaria falso de forçado. A sensação que tive é que ele descreve a morte de uma geração e o nascimento de outra.

Estou ansioso para ler mais livros de Ian McEwan.

Nota: 10